Desde o século V, o xadrez vem se difundindo em todo o mundo, como na época sua representação do jogo evidenciava muito o contexto histórico, o xadrez foi introduzido em diversos culturas, inclusive nos países ocidentais, e por meio disso, foi realizado algumas modificações na suas regras ,par que o jogo se tornas-se mais dinâmico e multidisciplinar, e após a elitização do jogo, tanto num contexto histórico como social, o xadrez é chamado então, “jogo dos reis e rei dos jogos” (SILVA, 2002, pg 07).
Após a sua grande expansão na Europa, o xadrez se tornou um jogo socialmente conceituado e a sua prática por personagens famosos da história lhe conferiu um status ainda maior, Napoleão, Monteiro Lobato e Machado de Assis são alguns dos ilustres que praticaram e incentivaram o desenvolvimento do xadrez, um registro evidencia que “Machado de Assis no ano de 1877 foi secretário do primeiro Clube de Xadrez do Rio de Janeiro” (BECKER, 2002, pg.273).
Percebe-se que a atividade enxadrística não proporciona apenas atividade lúdica, pois quando “a criança joga, compromete toda sua personalidade, não o faz apenas para passar o tempo, podemos dizer, sem duvida, que o jogo é o trabalho da infância ao qual a criança dedica-se com prazer” (SILVA, 2002, pg 21).
Alguns estudos ressaltam o valor educativo do xadrez, o Psicólogo Howard Gardner, que reorganizou o ser humano em sete tipos de inteligência, (Inteligência Lógico Matemática, Inteligência Lingüística, Inteligência Espacial, Inteligência Sinestésica, Inteligência Intrapessoal, Inteligência Interpessoal, Inteligência Musical), descreve que o xadrez desenvolve a alguns conceitos de Inteligência Lógico-Matemática, e de Inteligência Espacial. (GARDNER, 1994).
A Inteligência Espacial é a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial, ou seja, facilidade em observar uma matéria num determinado plano móvel. (GARDNER, 1994, pg. 149)
No xadrez o jogar exige visualizar as jogadas futuras do seu adversário, tendo que se concentrar no tabuleiro e visualizar as jogadas sem que se mova nenhuma peça no tabuleiro, somente utilizando a imaginação, esses conceitos repetidos varias vezes, acaba desenvolvendo inúmeros padrões mentais, que podem ser aplicados a áreas educacionais no dia a dia.
O xadrez também pode contribuir no desenvolvimento da Inteligência Lógico Matemática, que é a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. (GARDNER, 1994, pg.117).
A análise do valor simbólico das peças no tabuleiro (o peão vale um ponto, o cavalo três pontos), força o jogador a buscar coerência nos cálculos, porém o que mais chama a atenção, e faz com que o xadrez não se torne um jogo monótono, é que em algumas ocasiões do jogo, o peão, que tem um valor menor, obtém vantagens sobre o cavalo, que tem o triplo do seu valor, desmistificando muitas vezes, o conceito matemático lógico e ampliando a menta para novas descobertas a cada lance.
Além do valor educativo, outro componente que reforça o papel do xadrez como meio de educação é a sua ludicidade, uma vez que o xadrez não deixa de ser um jogo, o xadrez é uma brincadeira onde a criança aprende a pensar e alerta para o papel do professor no desenvolvimento do jogo: “um erro que muitos professores cometem é não valorizar em toda sua extensão esta atividade, extraindo o que ela contém de educativo”. (SILVA, 2002, pg. 22)