"O que a linguagem poética faz é essencialmente jogar com as palavras. Ordena-as de maneira harmoniosa, e injeta mistério em cada uma delas, de modo tal que cada imagem passa a encerrar a solução de um enigma".
A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice. Assim também é o xadrez, pois cada lance refletido racionalmente, transmite o que há de mais belo no jogo de tabuleiro, a jogada brilhante, o mate de sacrifício, por exemplo, faz do xadrez uma poesia midiatica da vida
Neste caso o poeta é o jogador e a obra a grande e bela jogada de mate.
É com alegria que postarei nesse blog as poesias dos alunos dos 5 anos A e B.
Esse trabalho nasceu a partir do vídeo da história do xadrez e da sua importância para a educação.
Os alunos o assistiram e essa foi a fonte das inspirações de seus poemas.
Há vários poetas cultivando em suas poesias, o jogo da memória, do raciocínio lógico, da interação entre as gerações, jogo de inclusão e interdisciplinaridade.
A POESIA DO XADREZ
Coloco o peão para frente
Como um herói de guerra
Mesmo que seja apenas
De um magno cavaleiro
Ele avança de passo em passo
Mas sempre golpeia nos flancos
Mesmo com sua espada de madeira
Um anão valente e arrebatado
Pode sair vitorioso
Contra um gigante amedrontado
O BISPO
O bispo desliza suave e serenamente
E atravessa o grande tabuleiro
Numa diagonal em cruzeiro
Para abarcar o universo de madeiro
Em forma de um “X” inteiro
Os dois bispos
Por sua importância
Jamais se encontram
Nem se reúnem
Na mesma instância
Embora tenham o mesmo valor
São de raças diferentes
Um é da casa banca
E o outro – da casa de cor
O CAVALO
O cavalo relincha e rebate
E salta por todo o tablado
Invadindo todas as casas
Sem distinção de cor
Nem posição coordenada
Ele se porta como animal rebelado
Fazendo sempre a figura
De um “L” de todos os lados
Pulando como potro bravio
Um barco desgovernado
Ou um animal rebelde – e viril
Deixando-se levar pela mão
Não do seu instinto faceiro
Mas da nobre razão
E a mão habilidosa
De seu jogador-cavaleiro
A TORRE
A torre declina e se arrasta
Para frente ou para atrás
Ou para todos os lados
Mas sempre em forma de cruz
De braços ortogonais
Que se alternam
E nunca se abraçam
Formando sempre um ângulo reto
São como duas Torres-Vigias
Dispostas em lados opostos
Olhando de cada ângulo
Até o ataque total
Quando solicitadas
Para proteger a retaguarda
As torres podem também saltar
Para assumir o seu posto
E proteger o seu rei
(com um simples toque)
Ao trocar de lugar
Ou o pequeno “roque”.
A RAINHA
A Rainha do jogo
É como a Grande Mãe que temos
Que governa soberana
Atrás de uma montanha de peças
E defende a todos que ama
Como uma mãe dedicada
Que resguarda seus filhos
De todas as ameaças
Saltando por todas as casas
Voando por todos os ângulos
Para proteger o tablado
E o Reino do seu Bem Amado.
O REI E O XEQUE-MATE FINAL
Ao final do jogo – o embate final
Sua Majestade – O Rei
Ao lado de sua esposa real
Encoberto por seus guardas sem voz
Como peças de um jogo de noz
Ainda que seus passos sejam miúdos
Ele é o mais valioso dos mudos
Ele é a peça central – e total
De todo o desenrolar do jogo
- E o objetivo final
É como o Sol que nos habita
Ou como o “rei na barriga”
Que nos convida sempre
Para seu xeque-mate final:
Para cortar-lhe a cabeça
E usurpar-lhe seu Trono Real
E finalmente:
A torre ou o bispo
A poderosa rainha
Do exército oponente
Todos podem derrubar
O forte Rei-Leão
Que, encurralado,
Por todos os lados
Levanta a espada
Como quem protege
O castelo que governa
Ou o coração da amada
Jamais se rende
Tenta por todos os meios
Faz todas as tentativas
Até que, sem sorte,
Ou qualquer outra saída
A peça tomba – caída
Finalizando o porte
E a estratégia em vida
De uma grande partida
Um simples jogo de xadrez
É como o viver que temos
(E tão pouco vivemos)
Com suas grandes vitórias
Seguidas de simples derrotas
Antes do próximo embate...
Pedro Ernesto Gonçalves Damasceno